domingo, 21 de agosto de 2011

VISITA A COMUNIDADE INDÍGENA GUARANI

        No dia 13 de agosto de 2011, nós alunos de artes visuais juntamente com a professora Célia, visitamos a aldeia indígena de guaramirim (tiaraju) para conhecer e interagir com sua cultura.
        Eu professora Sidneia formada em Ciência da religião e professora de ensino religioso não pude perder a oportunidade de trocar experiências, conhecer os costumes e as tradições religiosas dessa comunidade. O trabalho foi dividido em grupos onde cada um ficou responsável por alguma tarefa. O meu grupo  se comprometeu em fotografar, filmar e fazer entrevistas com os lideres dessa comunidade indígena.
        Quando chegamos à aldeia fomos recepcionados pelas crianças, que tímidas aos poucos começaram a se aproximar, observando tudo o que fazíamos. Em seguida outros jovens adolescentes e alguns adultos também vieram ao nosso encontro.
        A professora apresentou o professor da comunidade, Joel Ramires, e foi com ele que eu e a minha colega Andréia começamos a conversar. Nossos colegas de grupo Ana, Eliane Maciel e Fabio, registravam tudo o que podiam, fotografando e filmando.
        Escolhemos um local calmo, para que pudéssemos ter a liberdade de conversar sem interrupções e o professor sugeriu a sua sala de aula. Estando lá, convidamos outros índios que rondavam a nossa volta, curiosos em saber o que iríamos fazer.
         A conversa iniciou sem utilizarmos o gravador, pois queríamos deixá-los bem à vontade. Após as apresentações deixamos que eles falassem o que quisessem. Então começamos a perguntar sobre a influência da nossa cultura sobre a deles, sobre seus costumes, a religião, os ritos, a idéia de Deus,da morte e da vida na comunidade.
          As respostas foram surpreendentes, em primeiro lugar o professor Joel Ramires falou sobre as pessoas que vão á sua comunidade, filmam, gravam e exploram seus conhecimentos sem valorizar a cultura guarani, usam as informações que recebem sem se importar com os valores que a comunidade ainda mantêm viva.
          Sobre a Religião disse que já freqüentou várias por interferência dos brancos, mais sabe que Deus é um só e também segue as tradições do seu povo. Os ritos mais importantes acontecem no mês de agosto onde é feito o batismo do milho pelo curandeiro, que meditando, convoca a alma das crianças para que se manifestem dizendo de que reino veio. Conforme o reino, cada um recebe o nome que será informado à mãe. Neste ritual o milho é ralado e consagrado pelas meninas, o batizado do milho inteiro quem consagra são os meninos.
          Quando falamos sobre a morte ele disse que os mais velhos tem uma ligação espiritual mais profunda, pois conseguem ouvir alguns ruídos estranhos que se manifestam na natureza como um sinal de que algo aconteceu. As doenças também podem ser espirituais e sendo assim, só o curandeiro pode ajudar. A ligação do índio com a natureza é muito importante a ponto de interferir na sua saúde e bem estar, pois só com a permissão de Deus e dos espíritos da floresta é que o seu povo pode tirar dela os benefícios que necessitam. Muitos que desrespeitaram ficaram doentes.
          Quando o índio morre pode ir para o céu ou para o inferno,Ramires disse que  os mais velhos sentem através das manifestações da natureza, como raios , ruídos e a chuva.
          Com a Pajé conversamos bem pouco, pois ela se manteve muito reservada e respeitamos a sua postura.  Falei da nossa presença na comunidade e como ela se sentia.  Calmamente ela pensou e disse que estava feliz pela nossa vinda. Falava as vezes em quarani e o que mais me surpreendeu foi ela ter aceitado conversar conosco. Seu filho mais velho que estava ao nosso lado só ouvindo começa então a traduzir, dizendo que ela, só aceitou conversar conosco porque já sabia que éramos pessoas boas.
          Perguntei o que ela pensa sobre a interferência de outras religiões na comunidade indígena, então ela olhou para mim sorriu, pensou, disfarçando, pegou um graveto no chão e riscou a terra, depois falou em guarani. Seu filho traduziu, dizendo que ela não aceita, porque ninguém precisa ensinar algo que ela já sabe e seu conhecimento é parte da sua cultura. Sendo assim deve ser respeitado e preservado para que possa ser passado de geração para geração. Falei que concordo com ela, e que fico triste quando vejo várias culturas indígenas que perderam sua identidade religiosa por interferência do homem branco.
          Sendo assim compreendo o valor e a importância que cada cultura tem em manifestar de forma livre suas tradições, reconhecendo que elas tem um papel fundamental na contribuição de valores éticos e morais,que estão ligados com a sustentabilidade e preservação do meio ambiente e o resgate da identidade indígena tão desgastada pela influência usurpadora do homem . Resta somente sonhar com o dia em que cada povo indígena e cada cultura deste mundo sobreviva trazendo ainda dentro de si a sua essência e a valorização daquilo que é o mais importante, a VIDA.
Prof: Sidneia Forster



MEU RELATO... SINCERO!

          Sou uma filósofa contemporânea, faço exegese, mas prefiro falar diretamente ao povo. Quando da proposta de realizarmos um projeto com os índios Tiarajú, um misto de espanto e angústia tomou conta do meu ser. Segundo Sartre, existencialista ateu, “o homem é angústia”, a minha era por ouvir termos e comentários pejorativos, diria até desrespeitosos e preconceituosos em relação ao grupo indígena que iríamos conhecer. “Cuidado com os piolhos”, seguido de risos, “quanta sujeira”, “não fazem isto ou aquilo como nós, que absurdo”, “levar dinheiro”, “agradinhos para as crianças” (...), nem vou me delongar, por ainda me ofender e enojar muito com estas e outras frases que fui obrigada a ouvir, me vi, em plena colonização do Brasil, com comparações reles, vazias e com fundamentação baseada numa realidade capitalista hipócrita. Viver em sociedade é isso! Deixo de lado, afinal, o mais importante pra mim é discutir ideias e não pessoas.
            Coloco toda a revolta que me assola, em uma gavetinha mental – só Freud pra me entender agora – respiro muito e muitas vezes, e ao recordar o mestre Platão, sei que tenho duas opções, ficar ou sair da caverna, mesmo que eu me cegue, e ceguei, saí e me surpreendi com o que aprendi.
            Creio que a claridade do meu não querer assusta. Gosto disso. Instiga a reflexão sobre a validade de algumas atividades. Estamos na academia, mas não precisamos nos deixar academizar. Não quero aqui ser ofensiva, longe de mim este tipo de intensão, desejo apenas relatar uma experiência perturbadora, de início tão catastrófico e com final surpreendente.
            Angústia e espanto, opto pelo espanto. As primeiras sensações advêm já ao pisar a terra. Eles corroboram com o meu pensamento e com minhas angústias, sucedido este sentir, me ambientei com facilidade. Saí a questionar e a absorver o máximo de conhecimento possível.
            Calei e ouvi, e no não dizer daquele dia, falo hoje. Realmente não quis ir, mas quando lá estava não tive vontade alguma de sair, aliás, lembro que me chamaram, estava no meio de uma conversa gostosa, quando dei por mim, todos já estavam em seus carros, prontos para partir. Não queria sair dali, tinha muito ainda para ouvir, histórias de três dias como dizia D. Marta, líder espiritual da tribo. Tantas informações, vinda de uma cultura singular e urbanizada.
            Deixaram claro a opinião sobre a presença do não índio e demostraram claramente como aprenderam ações vis como escarnar. Falavam em Guarani. Mas há a linguagem facial e o tom como as palavras são pronunciadas, sem contar a linguagem corporal está, inquestionável. O mais interessante, é que alguns colegas, acreditam piamente que eles estavam adorando.
            Como posso rechaçar uma cultura tão remexida. Comparo as percepções que tive sobre a cultura, a uma obra cubista. Resistir é a palavra de ordem.
            Pela tradição oral, fiz descobertas sobre a vida e a morte, o bem o mal, a visão sobre outras religiões, a preocupação com a terra, e se o tempo não fosse um problema, muito mais se agregaria ao meu saber. Aliás, Santo Agostinho se encantaria com o tempo do pensar indígena, a modernidade pode os ter atingido em vários âmbitos culturais, mas não no tempo. O tempo indígena é invejavelmente diferente do não índio. Sorte deles.
            Ao término, fica o vazio das histórias que não ouvi. Fica a gratidão, pelo respeito demostrado por eles a mim, em todos os momentos que lá estive. O exemplo de paciência conosco, falamos muito e muito rápido, é costume diário, somos professores. E a responsabilidade de passar adiante a mensagem indígena ditada pelo olhar, visitem sim, conheçam sim, mas cheguem com humildade, tenham um mínimo de respeito, já demostraram ser superiores a nós em muitos momentos, e mais, não queiramos em momento algum comparar culturas. Por fim a angústia é substituída pela satisfação e a certeza de um novo encontro em outro tempo, mas aí, já é outra história.
Andréa Maffezzolli
Professora de Filosofia



Minhas considerações
 
         Quando eu cheguei tudo ja estava acontecendo de maneira concumitante, tratei de ligar minha camera e iniciar meu trabalho de fotografar tudo. Mas como sou inquieta não pude deixar de ajudar nas explicações sobre a trama de dedos, pois percebi a necessidade de ajuda que as colegas pediam. Seguindo meu trabalho tirei muitas fotos que depois foram bem utilizadas  na formatação do curta.
          Me senti como um rato de laboratório, sendo observado o tempo todo pelos índios, tentei alguns diálogos sem muito sucesso ao perceber minha total incapacidade de manter um diálogo coerente até mesmo com os adolescentes, resolvi me ater ao que fui indicada. Penso que nesta tarefa ja fui mais bem sucedida já que muitas destas fotos poetizaram com excelência o curta.
          Agradeço pela oportunidade, mas ainda acredito que uma inserção num grupo como este deva acontecer aos poucos e com muita cautela para não criar mais barreiras do que pontes.
                                       Eliane Maciel - Pedagoga 




VISITA A COMUNIDADE INDÍGENA 

           Tudo começou com uma incrível viagem ao lugar errado, é exatamente isso, pois ao receber o endereço da tribo indígena imaginei um lugar e imediatamente fui ao local no horário combinado. Depois de muita espera comecei a me preocupar, então pedi para meu marido fazer contato com as professoras para saber o que estava acontecendo que elas não apareciam. Foi aí que tive a informação que eu havia ido a um local totalmente errado cerca de 40 km aproximadamente. Num primeiro momento pensei em desistir, mas algo me disse que seria muito proveitosa a minha ida até a tribo.
          Então, imediatamente voltei ao endereço correto, com a espera de uma amiga especial a minha espera, a Eliane Maciel.
          Foi no dia 13 de agosto de 2011, nós acadêmicos de artes visuais juntamente com a professora Célia e a professora Sirlei, visitamos a aldeia indígena de guaramirim (tiaraju) para conhecer e interagir de forma dinâmica com sua cultura.
          Ao chegar super atrasada, mas no horário “certo”, me prontifiquei a realizar a minha tarefa que era a de registrar por meio de registros fotográficos tudo o que estava ou iria acontecer. Formada em Pedagogia mais uma vez me surpreendi com as oportunidades que o curso de artes visuais vem me proporcionando. Sendo assim, não pude perder a oportunidade de trocar experiências, conhecer os costumes e as tradições religiosas dessa comunidade.
          Como o combinado o trabalho foi dividido em grupos onde cada um ficou responsável por alguma tarefa. O meu grupo se comprometeu em fotografar, filmar e fazer entrevistas com os lideres dessa comunidade indígena.
         Quando chegamos à aldeia fomos recepcionados pelas crianças, que tímidas aos poucos começaram a se aproximar, observando tudo o que fazíamos e assim começaram a interagir com as acadêmicas Jeniffer e Luciana, que afirmo a dedicação de ambas, pois realizaram com muita destreza e perfeição suas tarefas. Em seguida outros jovens adolescentes e alguns adultos também vieram ao nosso encontro.
          Após alguns registros das brincadeiras e dos momentos da tecelagem me dirige ao encontro das acadêmicas Sidnéia e Andréia que faziam uma conversa com o professor da comunidade Joel Ramires. Além dos meus registros, Eliane Maciel e Fabio, registravam tudo o que podiam, fotografando e filmando.
          O local escolhido foi por sugestão da professora a própria sala de aula, um local calmo e que possibilitaria uma conversa sem interrupções. Estando lá, convidamos outros índios que rondavam a nossa volta, curiosos em saber o que iríamos fazer.
           Andréa e Sidnéia iniciaram a conversa sem utilizar o gravador, pois queriam deixá-los bem à vontade. Após as apresentações deixamos que eles falassem o que quisessem. Então começaram a perguntar sobre a influência da nossa cultura sobre a deles, sobre seus costumes, a religião, os ritos, a idéia de Deus, da morte e da vida na comunidade.
           As respostas foram surpreendentes, em primeiro lugar o professor Joel Ramires falou sobre as pessoas que vão á sua comunidade, filmam, gravam e exploram seus conhecimentos sem valorizar a cultura guarani, usam as informações que recebem sem se importar com os valores que a comunidade ainda mantêm viva.
           Sem interromper a conversa me retirei do local para poder registrar outros momentos que aconteciam ao mesmo tempo.
          Os registros ficaram maravilhosos, registrei tudo o que pude e fiquei satisfeita com o resultado interno ao final deste momento.
          Enfim, fomos bem recebidos, conseguimos registros e relatos que outros grupos não conseguiram, mas ainda fiquei com a impressão de que algo ainda faltou. Poderíamos ter aproveitado melhor aquele momento proporcionado.
          Fica aqui um relato verdadeiro que instiga a vontade de voltar a tribo indígena e realizar algo ainda mais planejado.
ANA PAULA MUEGGE BATISTA
PEDAGOGA / estudante de Artes Visuais
2011




quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mas, o que é existir?

          Muitos que fazem parte do gênero humano, se tornam a cópia, da cópia que pensa ser original, dentro de uma originalidade que já foi copiada, sem concepção do que é, quanto mais de "ser", existencialismo estético puro!
          Mas o que fazer, há espaço para todos dentro desta cadeia evolutiva, até para quem pensa estar evoluindo. A propósito, como saber a evolução?  Primeiro passo: "pense um pensamento que seja só seu", e deixem de destruir seu eu, dissolvendo-o na banalidade do cotidiano, nas preocupações da massa humana.
          Eis um segredo, gritado aos cantos do mundo, não queira se tornar com-o-outro ou para-o-outro, absorvendo seu Eu, mas torne-se si-mesmo, e seja, apenas seja você!
          

terça-feira, 9 de agosto de 2011

... MEU AMOR ...

... Antes total desconhecido, depois  se tornou colega; 
Dividi tensões, se tornou confidente; 
Confiei, se tornou amigo... aliás um amigão!!! 
O tempo foi passando, e como passa o tempo, já nem sabemos quanto tempo faz, o amigo se tornou, affair; 
Saímos a amoreggiare, e adoramos!!! 
Agora queremos algo mais, sposalizio quem sabe!
Seja o que for, amigos seremos sempre, juntos, separados, longe longe, ou muito pertinho... 
Já faz parte de mim, e um pedaço dele sou...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

          Sabedoria: parece ser, para a plebe, uma espécie de fuga, um meio hábil de se descartar de um mau jogo. No entanto, o verdadeiro filósofo - não é essa nossa opinião, meus amigos? - vive de um modo "não filosófico" e "não sábio" principalmente de maneira não razoável, e sente o fardo e o dever de mil tentativas e tentações da vida. Arrisca-se constantemente, joga este jogo ingrato ... p. 123

NIETZCHE, Friedrich; Para Além do Bem e do Mal; 3 ed.; São Paulo, Editora Martin Claret, 2008.