quinta-feira, 25 de outubro de 2012

MICRO PEÇA TEATRAL - Pactuar Conúbio


ELE (seriamente enternecido): Vamos fazer um negócio? Penso num negócio lucrativo, que possa envolver dois seres. Rezo um contrato bem amarrado, para não acusar problemas. Alguns fatores podem trincar a negociação, mas de todo, acredito no lucro em curto prazo.

ELA (assustadoramente com raiva): Muito bem, me faça a tal proposta então?

ELE (enternecidamente decidido): Poderíamos juntos, constituir filhos, dois ou três, você quem sabe. Adquirir local permanente e meio de locomoção, claro que o local vamos demorar a pagar, talvez 30 anos, porém, o negócio ficará na família. Não vejo problemas em relação ao tempo. Algumas regras devem ser bem explicadas, como sócio proponente permito ou não o momento de expor os sentimentos. As relações de amizade podem ser decididas por ambos, as demais relações ficam de acordo com a necessidade de cada um. Evitaremos a rotina, quando esta bater entraremos em período de férias. As tarefas serão divididas de igual forma para que não haja desagrado, e conforme a empresa crescer poderemos contratar mais funcionários. Os investimentos serão de ambas as partes. Contrataremos um bom plano de saúde, caso alguém fique doente, terá garantia de amparo. Se acaso, houver ruptura e interesse por outra sociedade fica combinado o diálogo entre os sócios para que cheguem à resolução do problema ou que dividam a empresa de forma a agradar ambos. Outros itens podem ser ajustados assim que o contrato for assinado. O que você acha querida?

ELA (assustadoramente SOLTEIRA): Você está me propondo ...

ELE (decididamente CASADO e com um sorriso amarelo sol): Sim!!! CASAMENTO!

ELA ...
ELE...

NÓS!

    
                                 

(Texto brincante autoral, escrito sem intenções, muito menos com
pretensões,  nasceu do  desejo e como forma de prazer, numa tarde chuvosa,     
meus alunos em prova, eu a escrever). Déa Maffezzolli




domingo, 21 de outubro de 2012

Relação custo benefício na cultura da telenovela




A “Avenida Brasil” parou o Brasil. Não, não é um fato.
O Brasil não parou, algumas pessoas sim.
Quem são essas pessoas que param seus afazeres, suas vidas para assistir a um programa de televisão?
A resposta é simples. Todo tipo de pessoas, de diferentes idades e classes sociais, e jamais deverão ser condenadas pela atitude.
Somos seres culturais e gostamos de fazer partes das massas. Telenovela é produto cultural brasileiro tipo exportação, o acesso é fácil, barato, entra na casa das pessoas em canal aberto, da capital ao vilarejo, as estórias se confundem com as narrativas dos telespectadores, vira assunto diário, uma forma de julgar o comportamento alheio, “da personagem”, expurgando nossos desejos contidos pela moralidade social.
É um espelho.
Segundo Bakhtin, a experiência que não tem um público identificável socialmente não pode ter raízes firmes e, desta forma, não terá uma expressão definida e diferenciada.
Desta forma, novela se faz espelho sim, vira moda, desde o corte de cabelo, até roupas, cria tendências. A trilha sonora vira hit nacional, as mais pedidas e ouvidas em volume agressivo e amiúde. A comunicação entre os personagens com suas gírias, jargões, memes, neologismos falados e escritos, fazem parte da linguagem popular.
Esslin, afirma que estas instruções são lavagens cerebrais que ajudam os indivíduos a internalizarem seus papéis sociais.
Seguindo esta linha, podemos afirmar que é cultura popular e só tem benefícios. Por isso que “o Brasil para”.
Imagina ter que se deslocar por quilômetros para assistir uma boa ópera, visitar galerias, estar antenado com as exposições, ir ao teatro, ver um espetáculo de dança. Quanto custo físico financeiro.
A propósito, não assisti, aliás, não é necessário assistir, vemos hoje com outro sentido, a audição. Mas comentei que a tal “Carminha”, (personagem muito bem montado, tal a repercussão) poderia virar heroína nacional.
Precisamos lavar nossa alma, precisamos de heróis, ainda mais em fins de julgamento de mensalão e na semana em que deputados votam a redução de dias de trabalho e não reduzem seus vencimentos.
Precisamos de heróis, tanto que vou assistir à próxima novela, e Salve Jorge!

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2004.
ESSLIN, Martin. Uma Anatomia do Drama. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.