domingo, 17 de março de 2013

Preparar, atacar...


            Estamos vivendo a era dos "ataques", alguns sem relevância e embasamento, movidos apenas pela paixão da mera opinião ou em defesa de um produto alienante.
            Nações, times de futebol, religiões, crenças, grupos sociais, etnias, classes, gêneros, nem vamos ampliar tanto, coloquemos em pormenor, como alunos do fundamental ao acadêmico, atacando outros estudantes, professor do berçário ao superior atacando outro mestre, funcionários de pequenas ou grandes empresas, fazem das falácias, degrau a satisfação do orgulho, no trânsito o ataque é ao tempo que se esvai a cada congestionamento, como tempo não materializa, o ataque se concretiza a outro motorista.

            De todos os citados e os que aqui não estão, pois repousam num existir invisível, o mais degradante é o ataque familiar, o que acontece num seio, onde a ação da palavra condensa a sensibilidade e a compreensão humana e estas aparecerão em forma de escape, evaporando num tempo futuro, novamente atacando a religião alheia, o time, os grupos do qual não se faz parte, a classe social a que não pertence, o comportamento e a maneira de ser dos outros, tudo e todos se necessário for, de modo a preencher o vazio da dúvida que paira em cada ser.

            Freud já descrevia o ser humano:


"O ser humano não é um ser manso, amável, no máximo capaz de defender-se se for atacado, mas é lícito atribuir à sua dotação pulsional uma boa dose de agressividade. Em consequência disso, o próximo não é apenas um possível auxiliar e objeto sexual, mas uma tentação para satisfazer nele a agressão, para usá-lo sexualmente sem seu consentimento, para despojá-lo de seu patrimônio, humilhá-lo, infligir-lhe dores, martirizá-lo e assassiná-lo." (Freud, 1930, p. 108)


           Desta forma, percebemos que o ataque se transforma em intolerância, e a intolerância em ataque.

            Eis o círculo perfeito do qual fazemos parte.



                                        

FREUD, (1930) "El malestar en la cultura", v. XXI.