Estamos vivendo a era dos
"ataques", alguns sem relevância e embasamento, movidos apenas pela
paixão da mera opinião ou em defesa de um produto alienante.
Nações, times de futebol, religiões, crenças, grupos sociais, etnias, classes,
gêneros, nem vamos ampliar tanto, coloquemos em pormenor, como alunos do
fundamental ao acadêmico, atacando outros estudantes, professor do berçário ao
superior atacando outro mestre, funcionários de pequenas ou grandes empresas,
fazem das falácias, degrau a satisfação do orgulho, no trânsito o ataque é ao
tempo que se esvai a cada congestionamento, como tempo não materializa, o
ataque se concretiza a outro motorista.
De todos os citados e os que aqui não estão, pois repousam num existir
invisível, o mais degradante é o ataque familiar, o que acontece num seio, onde
a ação da palavra condensa a sensibilidade e a compreensão humana e estas
aparecerão em forma de escape, evaporando num tempo futuro, novamente atacando
a religião alheia, o time, os grupos do qual não se faz parte, a classe social
a que não pertence, o comportamento e a maneira de ser dos outros,
tudo e todos se necessário for, de modo a preencher o vazio da dúvida que paira
em cada ser.
Freud já descrevia o ser humano:
"O ser humano
não é um ser manso, amável, no máximo capaz de defender-se se for atacado, mas
é lícito atribuir à sua dotação pulsional uma boa dose de agressividade. Em consequência
disso, o próximo não é apenas um possível auxiliar e objeto sexual, mas uma
tentação para satisfazer nele a agressão, para usá-lo sexualmente sem seu
consentimento, para despojá-lo de seu patrimônio, humilhá-lo, infligir-lhe
dores, martirizá-lo e assassiná-lo." (Freud, 1930, p. 108)
Desta forma, percebemos que o
ataque se transforma em intolerância, e a intolerância em ataque.
Eis o círculo perfeito do qual fazemos
parte.
FREUD, (1930) "El malestar en la cultura", v. XXI.