quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O significado de um aperto de mão
           Passeando com o meu tio pelo bairro, um gesto simples realizado por ele, me fez refletir sobre nossas lições.
           Fim de ano, férias, tempo de descanso, de reflexão, e eu refleti.
          Meu tio, uma pessoa muito humilde, não estudou em grandes escolas, nem pode estudar, com problemas neurológicos, somando-se com os psiquiátricos, mora de favor e depende de um tutor para decidir sobre sua vida financeira e social.
            Sem pudores, não tem muitos amigos, mais e amigo de muitos. Ali a maldade não se instala, aquele sorriso no rosto desbanca qualquer mal humorado que chegue perto dele.
            Numa tarde comum, fomos passear num clube, frequentado por todo tipo de gente. Meu tio, com o sorriso e a risada costumeira, ao adentrar o ambiente estendia a mão e cumprimentava as pessoas que ali estavam.
           Alguns eram receptivos ao gesto, outros na maioria jovens e adolescentes, após receber a mão estendida voltava-se a risinhos escarnecidos e zombeteiros.
E assim, estendendo a mão e saudando com boa-tarde apertando as mãos entres os dedos, em frente aos rostos e olhando nos olhos, ele foi seguindo e sendo seguido pelo meu olhar.
           É, é o meu tio, mais poderia ser qualquer um. O que vi foi uma lição que vou levar comigo.
            Na maioria das vezes, os apertos de mão tem algum interesse. Se algum engravatado, e se for politico melhor ainda, estende a mão, centenas estão esperando para ampará-la.
Olhar nos olhos? Calma.
            O olhar revela muito do que queremos esconder.
Cumprimentar pessoas desconhecidas? O que ganho com isso?
Vivemos na grande maioria de aparência, interesse. Passamos por nossos vizinhos e nem sequer olhamos, e sempre achamos uma desculpa palpável pra justificar a atitude.  Por vezes, no local de trabalho o bom dia é pesado como ancora. Não nos misturamos com pessoas de má aparência, o que dirão de nós. Temos mais de duzentos amigos em sites de relacionamentos e menos de cinco com quem realmente podemos contar na vida real. Preocupamo-nos em entrar o ano de carro novo, pintar a casa, mudar a aparência. Somos perfeitos, os outros não enxergam isso.
Eu vi muita gente rir da atitude do meu tio. Gente? Será?
E ele? Segue feliz com suas limitações.  Com seu aperto de mão, com o seu sorriso, sua gargalhada, melhor que muitos. Que além dos problemas que tem, ainda procuram por mais. Ele é ele, ele não é aparência.
E você como é?
Como agiria diante de uma situação assim? 
Como você trata todas as pessoas? 
Reflita, pois não há tanto tempo assim!

                                                            Déa Maffezzolli

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Missão cumprida

         Ditado muito conhecido, “não se pode morrer antes de ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore.”
     Creio piamente que ter filhos é fácil, a dificuldade está em instruí-los, alimentar a personalidade para que sejam homens e mulheres éticos e dignos em qualquer sociedade.
      Quanto ao livro, tente escrever um. Um livro que prenda a atenção do leitor, fazendo com que ele devore-o até chegar ao fim. Que tenha conteúdo e não somente páginas.
      E a árvore? Deixo pra questionar! Nas condições planetárias em que nos encontramos, uma só é quase nada. Plante mil!
      Então modifico o ditado antigo, antes de morrer, crie bem um filho, plante mil árvores e escreva um bom livro, e se a história for a da sua vida, faça-a com um final feliz.


                                                                                Déa Maffezzolli

domingo, 26 de dezembro de 2010

 "CATARSEANDO"

          Que parte de nós mesmos tente "para a verdade"? A aparência tem menos valor que a verdade(...) ao ler PARA ALÉM DO BEM E DO MAL de FRIEDRICH NIETZSCHE,  intrigada, obtive algumas conclusões.    
          Quanto mais observo, mais me apaixono pelas pessoas, paradoxos (...), um ir, agir, ser, falar, contrário sempre... cada qual cheio de significações, donos de suas verdades; como é maravilhoso participar de tudo isso, e vislumbrar o que poucos conseguem ver... a essência... embora há manipulação.    
          Onde está a falta de moral, no que manipula, induz, ou no que faz o "trabalhinho sujo"?
          Quando o humano vai pensar por si,  tirar suas conclusões e deixar de ser massa de manobra?
          Findando 2010, o baile de máscaras chega ao fim.  Em alguns já não se sabe mais onde é mascara, onde é face.
          Saint-Exupery, numa passagem do Pequeno Príncipe, nos diz: " É preciso suportar uma ou duas larvas se ao final quiser conhecer as borboletas".
           Pobres coitados, coléricos, sem opinião, raquíticos em seus conhecimentos, de vida desinteressante, se alimentando do viver alheio, confabulando, na espreita, armando (...), e enchendo suas vidas de vazios, doenças e desentendimentos.
           Foi um ano ruim pra você?
           Pense no quanto você foi ruim pra muita gente!
           E assim vão seguindo, sendo usados por seus pseudos amigos, cheios de verdade, com suas razões, de sorriso sarcástico e olhar armador.
           Tudo gira, é o que conforma.
           Gira mundo, é o que conforta. E quando sozinho estiver, pense no que fez, em quem é, e agradeça por estar na "MERDA", podia ser pior.
           E se conseguir , seja verdadeiramente feliz, neste Natal, se de uma chance. Só assim você para de viver a vida dos outros.
           O universo conspira, só você ainda não entendeu!

                                               Déa Maffezzolli