O significado de um aperto de mão
Passeando com o meu tio pelo bairro, um gesto simples realizado por ele, me fez refletir sobre nossas lições.
Fim de ano, férias, tempo de descanso, de reflexão, e eu refleti.
Meu tio, uma pessoa muito humilde, não estudou em grandes escolas, nem pode estudar, com problemas neurológicos, somando-se com os psiquiátricos, mora de favor e depende de um tutor para decidir sobre sua vida financeira e social.
Sem pudores, não tem muitos amigos, mais e amigo de muitos. Ali a maldade não se instala, aquele sorriso no rosto desbanca qualquer mal humorado que chegue perto dele.
Numa tarde comum, fomos passear num clube, frequentado por todo tipo de gente. Meu tio, com o sorriso e a risada costumeira, ao adentrar o ambiente estendia a mão e cumprimentava as pessoas que ali estavam.
Alguns eram receptivos ao gesto, outros na maioria jovens e adolescentes, após receber a mão estendida voltava-se a risinhos escarnecidos e zombeteiros.
E assim, estendendo a mão e saudando com boa-tarde apertando as mãos entres os dedos, em frente aos rostos e olhando nos olhos, ele foi seguindo e sendo seguido pelo meu olhar.
É, é o meu tio, mais poderia ser qualquer um. O que vi foi uma lição que vou levar comigo.
Na maioria das vezes, os apertos de mão tem algum interesse. Se algum engravatado, e se for politico melhor ainda, estende a mão, centenas estão esperando para ampará-la.
Na maioria das vezes, os apertos de mão tem algum interesse. Se algum engravatado, e se for politico melhor ainda, estende a mão, centenas estão esperando para ampará-la.
Olhar nos olhos? Calma.
O olhar revela muito do que queremos esconder.
Cumprimentar pessoas desconhecidas? O que ganho com isso?
Vivemos na grande maioria de aparência, interesse. Passamos por nossos vizinhos e nem sequer olhamos, e sempre achamos uma desculpa palpável pra justificar a atitude. Por vezes, no local de trabalho o bom dia é pesado como ancora. Não nos misturamos com pessoas de má aparência, o que dirão de nós. Temos mais de duzentos amigos em sites de relacionamentos e menos de cinco com quem realmente podemos contar na vida real. Preocupamo-nos em entrar o ano de carro novo, pintar a casa, mudar a aparência. Somos perfeitos, os outros não enxergam isso.
Eu vi muita gente rir da atitude do meu tio. Gente? Será?
E ele? Segue feliz com suas limitações. Com seu aperto de mão, com o seu sorriso, sua gargalhada, melhor que muitos. Que além dos problemas que tem, ainda procuram por mais. Ele é ele, ele não é aparência.
E você como é?
Como agiria diante de uma situação assim?
Como você trata todas as pessoas?
Reflita, pois não há tanto tempo assim!