BULLYING, UM JOGO QUE NÃO HÁ VENCEDORES
Quando alguns alunos de qualquer série ouvem a palavra bullying, desviam do assunto como se já soubessem tudo, como se não praticassem ou fossem imunes ao assunto.
Muitos pais quando se deparam com noticias de violência nas escolas, ficam estarrecidos e indignados, procurando os culpados pela situação.
As agressões verbais e físicas, na maioria das vezes, ao contrário do que se pensa , não possui um motivo específico. Aliás, em muitas ocasiões, motivo algum. Normalmente, são grupos de jovens rivais em pensamento, atitudes e gostos. Não ir com a cara de alguém já é motivo para perturbá-la emocionalmente. E quando as palavras não são suficientes para machucar, então “te pego no final da aula, ou onde eu tiver vontade”.
Mas onde estes infanto-juvenis aprendem a ter tanta intolerância, por certo na escola, anunciam alguns pais, é sempre comum achar o culpado na casa dos outros e medalhar a nossa como um exemplo de virtude e iluminação. Talvez na TV, na internet, com outros colegas, pois em casa ele não é assim. Esta frase se ouve muito, muitas vezes durante o ano, em casa ele não é assim.
Em sala de aula, o assunto é amplamente debatido, com pesquisas, encenações e no momento da socialização tudo muito bem entendido, as regras de civilidade e respeito são esmeradas. E viva a diferença! Infelizmente, muito deste pensamento fica só na sala de aula naquele momento. Após tudo é apagado e no calor da ocasião o bullying acontece.
Que geração é esta que estamos formando?
Vemos em muitas regiões do Brasil acontecer a chamada Parada da Diversidade, que alguns homofóbicos teimam em chamar de Parada Gay. Uma demonstração clara da distinção entre os seres.
Existem sim homossexuais, negros, tribos, crenças e religiões diferentes. E todos são pessoas que sentem, pensam, desejam, sonham. Conviver em sociedade é isso, respeitar a diferença.
Origem, crença, opção sexual, não é crime, crime é o preconceito, a falta de respeito, a intolerância contra quem é diferente da gente, e se nossos infantos, não respeitam o diferente em sala de aula ou na sociedade, como serão quando adultos? Como criticar e questionar as crianças e jovens pelas atitudes de bullying, se os adultos também são intolerantes?
Aliás os adultos, também são inflexíveis, fazem comentários desagradáveis diante dos filhos, sobrinhos e estes, na era da tecnologia com seus chips mentais, assimilam o que veem e ouvem e saem iguais aos adultos.
Pois é, quem acha que pode mudar o mundo, comece mudando o seu pensamento, aproveite o seu momento na terra. O mundo não vai mudar porque você não gosta disto ou daquilo, mas sua situação no mundo muda se você mesmo não gostando, respeitar isto ou aquilo. Os diferentes não vão sumir, aliás, tendem a aumentar. Liberdade de expressão, autonomia, nos traz isto.
Saber conviver é viver melhor. É qualidade de vida pra todos.
SAIBA MAIS
Segundo a lei Nº 14.651, de 12 de janeiro de 2009, artigo 2º, o bullying pode ser evidenciado através de atitudes de intimação, humilhação e descriminação, entre as quais:
I – insultos pessoais;
II – apelidos pejorativos;
III – ataques físicos;
IV – grafitagens depreciativas;
V – expressões ameaçadoras e preconceituosas;
VI – isolamento social;
VII – ameaças;
VIII – pilhérias.
Art.3º - o bullying pode ser classificado de acordo com as ações praticadas:
I – verbal: apelidar, xingar, insultar;
II – moral: difamar, disseminar rumores, caluniar;
III – sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
IV – psicológico: ignorar, excluir, perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, tiranizar, chantagear e manipular;
V – material: destroçar, estragar, furtar, roubar os pertences;
VI – físico: empurrar, socar, chutar, beliscar, bater;
VII – virtual: divulgar imagens, criar comunidades, enviar mensagens, invadir a privacidade.
Sabendo o que é, poderemos orientar vítimas e agressores, buscando ajuda em serviços de assistência médica, social, psicológica e jurídica. A responsabilidade é de todos.
Déa Maffezzolli