A “Avenida Brasil”
parou o Brasil. Não, não é um fato.
O Brasil não parou,
algumas pessoas sim.
Quem são essas
pessoas que param seus afazeres, suas vidas para assistir a um programa de
televisão?
A resposta é simples.
Todo tipo de pessoas, de diferentes idades e classes sociais, e jamais deverão
ser condenadas pela atitude.
Somos seres culturais
e gostamos de fazer partes das massas. Telenovela é produto cultural brasileiro
tipo exportação, o acesso é fácil, barato, entra na casa das pessoas em canal
aberto, da capital ao vilarejo, as estórias se confundem com as narrativas dos
telespectadores, vira assunto diário, uma forma de julgar o comportamento alheio,
“da personagem”, expurgando nossos desejos contidos pela moralidade social.
É um espelho.
Segundo
Bakhtin, a experiência que não tem um público identificável socialmente
não pode ter raízes firmes e, desta forma, não terá uma expressão definida e
diferenciada.
Desta forma, novela se faz espelho sim,
vira moda, desde o corte de cabelo, até roupas, cria tendências. A trilha
sonora vira hit nacional, as mais pedidas e ouvidas em volume agressivo e
amiúde. A comunicação entre os personagens com suas gírias, jargões, memes,
neologismos falados e escritos, fazem parte da linguagem popular.
Esslin,
afirma que estas instruções são lavagens cerebrais que ajudam os indivíduos a
internalizarem seus papéis sociais.
Seguindo
esta linha, podemos afirmar que é cultura popular e só tem benefícios. Por isso
que “o Brasil para”.
Imagina
ter que se deslocar por quilômetros para assistir uma boa ópera, visitar
galerias, estar antenado com as exposições, ir ao teatro, ver um espetáculo de
dança. Quanto custo físico financeiro.
A
propósito, não assisti, aliás, não é necessário assistir, vemos hoje com outro
sentido, a audição. Mas comentei que a tal “Carminha”, (personagem muito bem
montado, tal a repercussão) poderia virar heroína nacional.
Precisamos
lavar nossa alma, precisamos de heróis, ainda mais em fins de julgamento de
mensalão e na semana em que deputados votam a redução de dias de trabalho e não
reduzem seus vencimentos.
Precisamos
de heróis, tanto que vou assistir à próxima novela, e Salve Jorge!
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da
linguagem. São Paulo: Hucitec, 2004.
ESSLIN, Martin. Uma Anatomia do Drama. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1978.
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